Turbinas subaquáticas

As turbinas subaquáticas ou hidrocinéticas são dispositivos instalados no fundo de rios, mares ou canais, com a finalidade de gerar eletricidade a partir do movimento da água, geralmente de correntes marítimas ou marés e geram energia limpa, renovável, pois não produzem gases de efeito estufa nem poluentes. Elas funcionam de maneira semelhante às turbinas eólicas, mas utilizam a densidade da água, 800 vezes mais densa que o ar, permitindo produzir mais energia com menos movimento ou com turbinas menores.

Ao contrário do vento ou do sol, as marés e correntes oceânicas são altamente previsíveis, o que favorece o planejamento energético. Além disso, há menor impacto visual e sonoro, já que elas ficam submersas, não alterando a paisagem nem gerando ruído perceptível ao ambiente humano.

Entretanto, vale ressaltar o custo inicial elevado com instalação, manutenção e operação em ambiente subaquático. Há, também, um maior desgaste: equipamentos submersos sofrem mais com a corrosão da água salgada e com a ação de sedimentos e organismos marinhos.  E, embora promissora, a tecnologia ainda está em fase de testes em vários países, e são poucas as usinas comerciais em operação.

Hoje, estão sendo usadas ou testadas no Reino Unido, França, Canadá, Noruega, China e Coreia do Sul, os países mais avançados nos testes de turbinas marinhas.  Na Escócia, o projeto MeyGen, um dos maiores do mundo, já está gerando energia conectada à rede elétrica. No Brasil, há pesquisas em andamento, especialmente em áreas costeiras e no uso de correntes fluviais.

As turbinas subaquáticas têm ótimas perspectivas como fonte complementar de energia renovável. Apesar dos desafios tecnológicos e financeiros, elas oferecem estabilidade, sustentabilidade e inovação para a matriz energética do futuro.

Mas, ainda há que se considerar o impacto ambiental local gerado por essa tecnologia. Como ficam os ecossistemas marinhos sensíveis, como rotas de migração de peixes ou habitat de espécies específicas? Há risco de colisão com animais marinhos: peixes, mamíferos marinhos ou tartarugas podem vir a colidir com as pás em movimento. Animais como pequenos peixes ou filhotes estão mais vulneráveis, especialmente em áreas de alta densidade de turbinas. No entanto, estudos iniciais mostram que a maioria das espécies consegue detectar e evitar as turbinas, especialmente aquelas que giram lentamente (o que é comum em projetos hidrocinéticos).  

Turbinas subaquáticas podem, também, modificar correntes locais, trilhas de cetáceos (como baleias e golfinhos),

a distribuição de nutrientes, o transporte de ovos ou larvas, além das áreas de desova e alimentação de algumas espécies. Em áreas sensíveis, essas mudanças podem ter efeitos ecológicos significativos.

 Quanto à poluição sonora, as turbinas geram sons subaquáticos que podem interferir na comunicação e orientação de golfinhos, baleias, peixes que usam o som para navegação ou reprodução.

Especialistas respondem a esses questionamentos dizendo que turbinas modernas podem incluir sensores acústicos ou câmeras subaquáticas que detectam a aproximação de animais grandes (como baleias) e permitem desligar temporariamente a turbina ou reduzir sua rotação quando necessário.  Algumas, usam sonares passivos, que ouvem os sons emitidos pelos animais para rastrear sua presença. Outras, são completamente encapsuladas, sem pás expostas — o que evita totalmente a colisão.  

As estruturas submersas podem servir como recifes artificiais (bioincrustação), atraindo moluscos, algas, crustáceos e pequenos peixes, o que pode até aumentar a biodiversidade local — embora também possa introduzir espécies invasoras em alguns casos.

 Se faz necessário estudar, previamente, o impacto ambiental, o uso de sensores para detectar a presença de grandes animais marinhos, pás de baixa rotação, com desenho menos agressivo, monitoramento contínuo da biodiversidade local, além da escolha de locais longe de áreas críticas de reprodução, alimentação ou migração.

O desafio é garantir que a busca por energia limpa não prejudique os ecossistemas marinhos que precisamos proteger. Em alguns projetos, cientistas marinhos participam diretamente do controle ambiental, gerando dados valiosos para preservar os ecossistemas.