A família é o “cadinho” onde se moldam as personalidades
Talvez você já tenha ouvida esta frase. De acordo com o Google, “cadinho nada mais é do que um recipiente refratário, geralmente em forma de pote, usado para fundir substâncias a altas temperaturas, normalmente usados em laboratórios, ourivesarias e outros processos que envolvem a fundição de materiais.”
A metáfora parece perfeita para definir famílias. Toda família tem seus problemas, mas é bom lembrar que todos levamos conosco bagagem emocional, crenças, achismos, e num casal os problemas se duplicam: famílias trazendo diferentes influências e tendências.
É na família que aprendemos como devemos nos comportar, o que, quando e porque devemos respeitar. É onde desenvolvemos empatia, carinho, consideração. Mas é, também, por muitas vezes onde aprendemos sobre o machismo, racismo, etarismo e tantos outros ismos.
Muitas famílias apesar de aparentarem normalidade, carregam e difundem desequilíbrio, feridas invisíveis que carregam pela vida inteira e que afetam gerações por vir, gerando sofrimento silencioso. Isso não significa necessariamente uma família com violência explícita, mas onde os membros não cumprem seus papéis emocionais de forma saudável.
No campo da psicologia, uma família disfuncional é definida como um grupo de pessoas que não consegue suprir suas funções básicas de apoio seja ele emocional, de proteção ou do desenvolvimento saudável dos seus membros. Esta disfunção se revela em questões de comunicação, abuso (físico, emocional, sexual), negligência, vícios, rigidez extrema, favoritismo, controle excessivo e padrões de comportamento tóxicos, que afetam o bem-estar dos seus membros de maneira desconcertantemente negativa. Famílias disfuncionais geram adultos inseguros, ansiosos, com dificuldade de se relacionar ou de reconhecer seu valor.
Nesse contexto, os filhos muitas vezes crescem tentando “consertar” os pais assumindo funções que não deveriam lhes caber, e para as quais não estão preparados, como suprir-lhes conforto emocional ou mediar seus conflitos.
Mas como traduzir uma família disfuncional em termos de seu alcance negativo?
Na comunicação entre seus membros - Ausência de expressão de sentimentos e ideias, comunicação agressiva ou evasiva, e falta de escuta ativa;
Nas atitudes - Abuso e negligência - Violência física, emocional ou psicológica, negligência das necessidades básicas dos membros, falta de apoio e supervisão;
Manipulação, dependência emocional, superproteção, imaturidade, e excesso de autoritarismo;
Falta de limites -Membros da família não conseguem estabelecer limites saudáveis entre si, e/ou com os de fora do ambiente familiar, o que pode gerar dependência e conflitos;
Ambiente familiar estressante -A falta de harmonia e de apoio emocional pode levar a problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão, baixa autoestima e dificuldades na construção de relações saudáveis;
Conflitos persistentes que passam de geração em geração - Problemas não resolvidos de forma construtiva e que geram tensão e insatisfação no ambiente familiar.
Impactos da família disfuncional nos seus membros:
-Rebeldia, comportamento agressivo, falta de responsabilidade, e dificuldades na escola ou no trabalho, dificuldades em estabelecer limites com os outros e em cuidar de si mesmas. Membros de famílias disfuncionais tendem a repetir os mesmos padrões de comportamento que observaram durante a infância, formando suas próprias famílias disfuncionais.
-Baixa autoestima – O não reconhecimento de valor de seus membros, de apoio emocional pode levar à falta de confiança em si mesmo e à dificuldade em lidar com as dificuldades da vida.
Estudos mostram que adultos que cresceram em lares disfuncionais têm mais chance de desenvolver ansiedade, depressão e transtornos de personalidade.
Como lidar com uma família disfuncional?
Se faz necessário buscar ajuda profissional - Terapia individual, de família, de casais pode ajudar os membros da família a entenderem e a lidarem com os problemas que afetam o funcionamento familiar.
Estabelecer limites - É importante que os membros da família estabeleçam limites saudáveis entre si, comunicando-se de forma clara e assertiva.
Cuidar de si mesmo - É importante que os membros da família cuidem de sua saúde mental e emocional, praticando atividades que gerem bem-estar e buscando apoio quando necessário.
Buscar apoio externo emgrupos de apoio, associações de apoio a famílias, e outros recursos podem ajudar os membros da família a encontrarem apoio e a lidar com os desafios que enfrentam.
Reconhecer a importância da mudança - Mudar os padrões de comportamento e as dinâmicas familiares leva tempo e esforço, mas é possível transformar uma família disfuncional em uma família funcional e saudável.
Se você se sente responsável pelas emoções dos outros, tem medo de decepcionar quem ama, mesmo quando isso te machuca, necessidade constante de agradar ou de se esconder, tem medo de rejeição, e/ou dificuldade em confiar, saiba que a dor que você sente é real. Mas você não está sozinho, e não precisa carregar tudo isso para sempre. Há caminhos que podem levar ao alívio desse peso. Romper o ciclo não é fácil, mas é possível e é libertador, com terapia (individual e familiar), auto-observação e construção de limites saudáveis, apoio externo (amigos, escola, rede de acolhimento).
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